Quem não sabe da existência do FELT, vale dizer que é uma banda oitentista de Birmingham (UK) e que teve seu centro na figura de Lawrence (na foto p&b), seu líder, guitarrista e compositor. A banda lançou 10 álbuns e 10 singles ao longo da década com muita rotatividade em sua formação, destacando-se o EXCEPCIONAL guitarrista Maurice Deebank, responsável por texturas únicas com suas semi-acústicas. Lawrence foi influenciado – até no nome da banda – pelos americanos do Television de Tom Verlaine e gravaram os trabalhos por três independentes inglesas nesta ordem: Cherry Red, Creation e ÉL. Não vale a pena falar de letras ou melodias, visto que o vocal preguiçoso presente mais como acompanhamento nas canções não é digno de nota. Mas as harmonias...aí sim, é onde a banda deixou seu legado e influenciou bandas como o Belle & Sebastian nos anos 90. A banda também primava pelas excepcionais capas de seus álbuns – principalmente nos trabalhos com a Cherry Red Records.
Este álbum é de 1986 – primeiro pela Creation records – e retrata canções curtas, bem estruturadas em sua concepção de singeleza e simplicidade. Não é considerada uma obra de extrema importância, pois sua obra-prima se daria no álbum seguinte (Forever breathes the lonely word) segundo uma própria fonte da Creation Records. Claro, isso sem falar dos 4 primeiros trabalhos maravilhosos com o já citado Deebank. Let the snakes... é um de seus dois álbuns instrumentais e...dura APENAS 19 minutos! Evoca para mim, acima de tudo, espiritualidade, infância, utopias, momentos, desejos, bem-estar...imagens, imagens e...imagens! É o que a banda nos brinda com este trabalho. Lawrence pela primeira vez tocou todas as guitarras num álbum e as faixas foram compostas depois de Ignite the seven cannons. Vale a pena mencionar que este disco figura em listas de melhores álbuns de audiófilos como o do colega do Reino Unido Adrian Denning (http://www.adriandenning.co.uk/extra/top100.html). O que achei interessante ao escrever esta resenha foi escutar as canções e não falar muito de estruturas de composição, deixando o imaginário funcionar e compartilhar o que algumas delas me remetem. Vamos lá...
Song for William S. Harvey lembra um destes filmes engraçados do diretor francês Jacques Tati (Meu tio, As férias do Sr. Hullot) ou bem poderiam ilustar cenas de filmes de Chaplin. Ou um carro rodando numa estrada numa tarde ensolarada de verão. Uma delícia e grande trabalho dos teclados. Ancient city where I lived parece ter sido retirada da atmosfera dos sons de uma cidade litorânea, inclusive com sons de pássaros. E que guitarra matadora! The Seventeenth century traz um maravilhoso entrelace de teclados e guitarra que fica densa do nada e te faz gravitar entre lembranças boas do passado. Uma das mais sublimes da banda. The Palace remete a uma era vitoriana com camadas sonoras que se sobrepõem. Jewel sky parece mais uma vinheta – imagine estar num agradável café em Paris ou Buenos Aires com aquela confusão de transeuntes para cá e para lá na avenida...vc escolhe... Viking dress é de um teclado marcante e me lembra a infância e toda a sua magia, profunda de sentimentos e pureza. A utopia das amizades. Sapphire mansions remete ao clima do início do disco - prá cima, com arranjo cheio e o clima da cidade grande e seu vai-e-vem interminável. E cada um que conte o que lhe vem à mente!
O FELT não teve grande sucesso fora da Europa, apesar de ser cultuada e de ter colocado um número 1 nas paradas britânicas com a brilhante “Primitive Painters” de 1985 ( do único álbum lançado no Brasil). Aos que querem conhecer a banda melhor, comece pelos 2 primeiros discos, um estrondo. Por exemplo, em minha opinião eles conseguiram compor o melhor tema instrumental da década, com “Serpent Shade”. Foi praticamente a única banda da qual não tive coragem de me desfazer de nenhum item em 2011 quando dei uma “limpa” em minha coleção. Uma banda (ao lado dos Smiths) que me influenciou no foco em composições simples. Boa viagem e um viva à mágica da música com esta pequena obra-prima...
Veja a biografia da banda em: http://www.adriandenning.co.uk/feltbiog.html
Para quem curte os anos 80, indico o Projeto AutoBahn (SP) com muita coisa sobre a música e a mídia da década em http://www.autobahn.com.br/index.html.
Outras matérias interessantes em blogs:
http://sergiocostagomes.blogspot.com.br/2010/02/felt.html
http://www.beatrix.pro.br/mofo/felt.htm
ENGLISH VERSION:
Those who do not know of the existence of FELT, I tell you it's an 80´s band of Birmingham (UK) and had its center in the figure of Lawrence, their leader, guitarist and composer. The band released 10 albums and 10 singles throughout the decade with a lot of turnover in its formation, highlighting the exceptional guitarist Maurice Deebank, responsible for unique textures with his acoustic guitar. Lawrence was influenced – even in the name of the band-by Tom Verlaine of Television and recorded the work for three British independent labels in this order: Cherry Red, Creation and Él.
Este álbum é de 1986 – primeiro pela Creation records – e retrata canções curtas, bem estruturadas em sua concepção de singeleza e simplicidade. Não é considerada uma obra de extrema importância, pois sua obra-prima se daria no álbum seguinte (Forever breathes the lonely word) segundo uma própria fonte da Creation Records. Claro, isso sem falar dos 4 primeiros trabalhos maravilhosos com o já citado Deebank. Let the snakes... é um de seus dois álbuns instrumentais e...dura APENAS 19 minutos! Evoca para mim, acima de tudo, espiritualidade, infância, utopias, momentos, desejos, bem-estar...imagens, imagens e...imagens! É o que a banda nos brinda com este trabalho. Lawrence pela primeira vez tocou todas as guitarras num álbum e as faixas foram compostas depois de Ignite the seven cannons. Vale a pena mencionar que este disco figura em listas de melhores álbuns de audiófilos como o do colega do Reino Unido Adrian Denning (http://www.adriandenning.co.uk/extra/top100.html). O que achei interessante ao escrever esta resenha foi escutar as canções e não falar muito de estruturas de composição, deixando o imaginário funcionar e compartilhar o que algumas delas me remetem. Vamos lá...
Song for William S. Harvey lembra um destes filmes engraçados do diretor francês Jacques Tati (Meu tio, As férias do Sr. Hullot) ou bem poderiam ilustar cenas de filmes de Chaplin. Ou um carro rodando numa estrada numa tarde ensolarada de verão. Uma delícia e grande trabalho dos teclados. Ancient city where I lived parece ter sido retirada da atmosfera dos sons de uma cidade litorânea, inclusive com sons de pássaros. E que guitarra matadora! The Seventeenth century traz um maravilhoso entrelace de teclados e guitarra que fica densa do nada e te faz gravitar entre lembranças boas do passado. Uma das mais sublimes da banda. The Palace remete a uma era vitoriana com camadas sonoras que se sobrepõem. Jewel sky parece mais uma vinheta – imagine estar num agradável café em Paris ou Buenos Aires com aquela confusão de transeuntes para cá e para lá na avenida...vc escolhe... Viking dress é de um teclado marcante e me lembra a infância e toda a sua magia, profunda de sentimentos e pureza. A utopia das amizades. Sapphire mansions remete ao clima do início do disco - prá cima, com arranjo cheio e o clima da cidade grande e seu vai-e-vem interminável. E cada um que conte o que lhe vem à mente!
O FELT não teve grande sucesso fora da Europa, apesar de ser cultuada e de ter colocado um número 1 nas paradas britânicas com a brilhante “Primitive Painters” de 1985 ( do único álbum lançado no Brasil). Aos que querem conhecer a banda melhor, comece pelos 2 primeiros discos, um estrondo. Por exemplo, em minha opinião eles conseguiram compor o melhor tema instrumental da década, com “Serpent Shade”. Foi praticamente a única banda da qual não tive coragem de me desfazer de nenhum item em 2011 quando dei uma “limpa” em minha coleção. Uma banda (ao lado dos Smiths) que me influenciou no foco em composições simples. Boa viagem e um viva à mágica da música com esta pequena obra-prima...
Veja a biografia da banda em: http://www.adriandenning.co.uk/feltbiog.html
Para quem curte os anos 80, indico o Projeto AutoBahn (SP) com muita coisa sobre a música e a mídia da década em http://www.autobahn.com.br/index.html.
Outras matérias interessantes em blogs:
http://sergiocostagomes.blogspot.com.br/2010/02/felt.html
http://www.beatrix.pro.br/mofo/felt.htm
ENGLISH VERSION:
Those who do not know of the existence of FELT, I tell you it's an 80´s band of Birmingham (UK) and had its center in the figure of Lawrence, their leader, guitarist and composer. The band released 10 albums and 10 singles throughout the decade with a lot of turnover in its formation, highlighting the exceptional guitarist Maurice Deebank, responsible for unique textures with his acoustic guitar. Lawrence was influenced – even in the name of the band-by Tom Verlaine of Television and recorded the work for three British independent labels in this order: Cherry Red, Creation and Él.
It's not worth talking about lyrics or melodies, as their sound is full of lazy vocals accompaniment to the songs and not worthy of note. But the harmonies ... then Yes, it is where the band left their legacy and influenced bands such as Belle & Sebastian in the 90´s. The band was also exceptional on their album´s cover subject -mainly in the work with the Cherry Red Records.
This album is from 1986 – first by Creation records - and portrays short songs, well-structured in its design simplicity and singleness. Is not considered a work of the utmost importance, because their masterpiece would rest on the next album (titled Forever breathes the lonely word) as told by a source of Creation Records itself. Of course, not to mention the 4 early wonderful works with the aforementioned Deebank.
Let the snakes... is one of their two instrumental albums and ... only lasts 19 minutes! Evokes for me, above all, spirituality, childhood, utopias, moments, wishes, welfare ... images, pictures and pictures! That's what the band gives us with this work. Lawrence for the first time played all guitars in an album, and the tracks were composed after Ignite the seven cannons. It is worth mentioning that this record figure on lists of best albums of audiophiles as the colleague from the United Kingdom Adrian Denning (a hard FELT fan). What I found interesting when writing this review was to listen to the songs and not talk so much about composition structures, leaving the imagination to work and share what some of them refers to me. Let´s go...
Song for William S. Harvey reminds me one of these funny movies from french director Jacques Tati (My uncle, The vacation of Mr. Hullot) or might as well illustrate Chaplin movie scenes…or a car running on a road on a sunny summer afternoon. Dellicious and great job of keyboards. Ancient city where I lived seems to be retract from the atmosphere of a seaside town, including sounds of birds. What a killing guitar! The Seventeenth century brings a wonderful weave of keyboards and guitar that is dense and makes you gravitate between good memories of the past. One of the band´s most sublimes. The Palace refers to a Victorian era with overlapping sound layers. Jewel sky looks more like a sticker-imagine being in a cosy café in Paris or Buenos Aires with that confusion of passers-by on the promenade ... you choose… Viking dress has a remarkable keyboard and reminds me of childhood and all its magic, deep feelings and purity. The utopia of friendships. Sapphire mansions refers to the climate in the beginning of the album - up, with full arrangement and the climate of the big city and his endless back-and-forth. And each of you tell me what comes to your minds.
FELT hadn´t great success outside Europe, in spite of being worshipped and have placed a number 1 in the UK charts with the brilliant "Primitive Painters" in 1985 (the only album released in Brazil). Those who want to know the band better, start with the 2 first albums, a bang. In my opinion, they have managed to compose the best instrumental theme of the Decade, with "Serpent Shade". It was virtually the only band which I didn't have the heart to get rid of any item in 2011 when I gave a clean in my collection. A band (alongside the Smiths) that influenced me in focus on simple compositions. Have a good trip and a long live the magic of music with this little masterpiece.
See biography at: http://www.adriandenning.co.uk/feltbiog.html