Nunca fui muito fã de Joy Division. Sempre achei a banda
monótona, prá baixo, Ian Curtis um cantor de segunda, músicas lúgubres. Sempre
tentei entender o porquê de tanta admiração pelo nome da banda. Mas quem disse
que não amadurecemos a opinião? Algumas impressões da banda me fizeram mudar e
respeitar mais o Joy recentemente...como por exemplo:
a) Eles
retrataram como ninguém a Manchester dos anos 80 e a opressão que recaía no
proletariado da época e toda uma década de dureza que viria sob o governo de Margareth
Tatcher;
b) Ian
Curtis curtia The Doors, mas, para mim, ele foi mais poeta. Morrison tinha
letras muito chapadas, hippies mesmo – e muitas delas ficaram obsoletas dentro da era
60´s. O Joy é mais atemporal, pouca coisa soa descartável no lirismo de Curtis;
c) A
cozinha influenciou toda a geração pós-punk dos anos 80, o que não é pouco. As
temáticas sombrias e os timbres foram o estopim para o som gótico. A bateria
industrial de Morris, as linhas de baixo inspiradas de Hook e a guitarra hipnotizante
e seca de Sumner não existiam antes deles. Some-se a isso uma influência de
Kraftwerk pra lá de positiva e o estrago estava feito - escola criada para 3
décadas de música pop;
d) Os
temas de solidão, introspecção, visões urbanas, símbolos de opressão de massas
– como o nazismo – e forças demolidoras das grandes cidades terminaram por me
conquistar. Poucas bandas conseguiram soar tão inovadoras em seu tempo, esta é
que é a verdade.
Acabei por me ater às impressões das letras para escrever este review, já que muito se sabe da arte da capa – que acabou virando um ícone pop - ,da sonoridade e da história da banda. Comprei o álbum influenciado pelos depoimentos do documentário da banda de 2007 (essencial) e pelo mistério que acompanhou a banda, muitos esclarecidos recentemente pelas publicações de Deborah Curtis e outros escritores. E saí atrás das letras do álbum de estréia, pois são raras as edições deste álbum que contenham as ditas cujas.
Day of The Lords me remete ao nazismo, mas também pode ser a perda
da inocência da juventude, jogos juvenis carregados de malícia. She´s
lost control fala de um fato real, ocorrido quando Curtis testemunhou
uma mulher “tendo um piti” nervoso num serviço público e que o marcou muito. Disorder
pode ser a trilha definitiva de sua cidade-símbolo da revolução industrial,
cheia de imagens (...“no décimo andar, pelas escadarias abaixo, é uma terra de ninguém”).
Desilusão com a vida e trabalho, marca registrada do cantor presente em Candidate (“...vivendo sob suas regras, é tudo o que sabemos”) como também Shadowplay (...”eu deixei eles usarem você para seus próprios fins”) e Insight (“...mas eu não me importo mais, perdi a vontade de querer mais.” ou “nós perdemos nosso tempo”). Sombras de um passado e da infância aparecem nesta última(“...eu me lembro quando éramos jovens”). A interpretação de “New dawn fades” é um pouco mais difícil, parece relatar a experiências pessoais de Ian. Estas são algumas de minhas impressões sobre este grandioso álbum. Não estão todas as canções, mas espero ter atiçado a curiosidade de quem quer conhecer um pouco mais a banda. Saudações!
crédito das fotos: Wikipédia.
photo credit: Wikipedia.
Desilusão com a vida e trabalho, marca registrada do cantor presente em Candidate (“...vivendo sob suas regras, é tudo o que sabemos”) como também Shadowplay (...”eu deixei eles usarem você para seus próprios fins”) e Insight (“...mas eu não me importo mais, perdi a vontade de querer mais.” ou “nós perdemos nosso tempo”). Sombras de um passado e da infância aparecem nesta última(“...eu me lembro quando éramos jovens”). A interpretação de “New dawn fades” é um pouco mais difícil, parece relatar a experiências pessoais de Ian. Estas são algumas de minhas impressões sobre este grandioso álbum. Não estão todas as canções, mas espero ter atiçado a curiosidade de quem quer conhecer um pouco mais a banda. Saudações!
crédito das fotos: Wikipédia.
ENGLISH
VERSION
I've never been a big fan of
Joy Division. I always thought the band monotonous, down, Ian Curtis a second
singer, lugubrious songs. I've always tried to understand why so much
admiration for the band's name. But who's to say one cannot change his mind?
Some impressions of the band made me change and respect more the Joy name recently
... as for example:
a) They portrayed the
Manchester of the 80´s better than any band and the oppression that rested in
the proletariat through a whole decade of hardness that would come under the government
of Margaret Thatcher;
b) Ian Curtis was into The
Doors, but, to me, the first was more poet. Morrison was very high, into hippies
lyrics– and many of his poetry became obsolete and attached to 60´s. Joy is
more timeless, very little sounds disposable in Curtis´s poems;
c) The whole post-punk
generation bass-drums was influenced by them, which is not a little point. Dark
themes and timbres were the fuse for the Gothic sound. The industrial drums by
Morris, the Hook-inspired bass lines and the mesmerizing, dry guitar by Sumner
did not exist before them. Add to that an influence of Kraftwerk and the damage
was done-school created for 3 decades of pop music;
d) Themes of solitude,
introspection, urban visions, symbols of mass oppression – like nazism-and
shattering forces of large cities conquered me. Few bands have managed to sound
so innovative in their time, this is the truth.
I stick to the impressions of
the letters to write this review, since so much is known of the cover art –
which turned out to be a pop icon, the sound and the band's history. I bought
the album influenced by statements from the band's 2007 documentary (essential)
and the mystery that accompanied the band, many enlightened recently by Deborah
Curtis publications and other writers. And I run out for some lyrics from this debut album, as rare are
the editions which contain the written.
Day of The Lords brings me
back to the Nazis, but also can be the loss of the innocence of youth, youth
games filled with malice. She's lost control speaks of an actual fact, occurred when
Curtis witnessed a woman having a nervous breakdown in public service – it surely
had an impact on him. Disorder can be the final track of his
city-symbol of the industrial revolution, full of images (... "on the 10th
floor, the stairs below, is a no man's land"). Disillusionment with life
and work, the singer's trademark present in Candidate ("...
living under its rules, is all we know") as well as in Shadowplay
(... "I let them use you for their own ends") and Insight
("... but I don't care any more, I've lost the will to want
more." or "we lost our time"). Shadows of the past and childhood
appear in this last ("I remember when we were young"). The
interpretation of "New dawn fades" is a little more
difficult, apparently reporting the personal experiences of Ian. These are some
of my impressions of this great album. Not all of the songs, but I hope to have
woken the curiosity of those who want to learn a little more. Greetings!