Depois de longo hiato, eis me
aqui de novo para falar sobre um dos álbuns pop perfeitos em minha modesta
opinião. Mesmo quem não entende inglês, ou não curte tanto o estilo vai
render-se a este disco. Impossível não sentir uma ponta de nostalgia, uma saudade
de um lugar, de alguém, de momentos, refletir sobre a complexidade do amor
ouvindo esta dádiva sonora...
A
dupla Everything But The Girl (formada pelo casal Ben Watt e Tracey Thorn) estava em seu terceiro
trabalho, após ter iniciado o movimento “new bossa” junto a outros nomes como
Sade e Matt Bianco em seu primeiro álbum e depois do rock-pop do segundo disco.
Aqui estamos. Influenciados por gênios como Burt Bacharach, decidiram pegar
suas composições e, com arranjos belíssimos de Ben para orquestra, direcionaram
este álbum de 1986. Ah, ele foi gravado no mítico Abbey Road de Londres.
Tracey – cuja voz é
bastante peculiar e bem superior à contemporâneas suas como Debbie Harry ou Chrissie Hynde
- está no seu auge como cantora. E Ben, um guitarrista econômicamente genial e de voz bem colocada, idem como
composer. As composições têm em sua maioria temas
machistas de casal, desilusão amorosa...mas super bem costurados pelos
refrões ganchudos de ambos como letristas. “Dont leave me behind” é – apesar do
título – bem alegre e o videoclipe/música tocou muito à época nas danceterias
do Rio de Janeiro com Tracey apresentando um visual comportado - ao contrário do visual punk do ano anterior com "When all´s well"... O tema
remete ao estrelato e como isso pode destruir uma relação - o mesmo tema da
letra de ”A country mile”.
“Come on home” também foi lançada em single, é arrebatadora do ponto de vista harmônico e com a figura feminina implorando a volta do homem ao lar...algo bem recorrente como tema geral desta obra. ”A Country Mile” (de novo esta) e “Careless” surgem magníficas aos ouvidos, tratando de entrega total ao ser amado. “Little Hitler” fala de pessoas comuns com personalidades fortes e que tendem a se tornar monstros, sem apontar ninguém em particular, apesar do crítico musical William Ruhlmann ter notado conotações realmente político-anti-fascistas na letra. Bem atual, digamos assim - ou não poderia se aplicar a Donald Trump e seu discurso equivocado?
“Come on home” também foi lançada em single, é arrebatadora do ponto de vista harmônico e com a figura feminina implorando a volta do homem ao lar...algo bem recorrente como tema geral desta obra. ”A Country Mile” (de novo esta) e “Careless” surgem magníficas aos ouvidos, tratando de entrega total ao ser amado. “Little Hitler” fala de pessoas comuns com personalidades fortes e que tendem a se tornar monstros, sem apontar ninguém em particular, apesar do crítico musical William Ruhlmann ter notado conotações realmente político-anti-fascistas na letra. Bem atual, digamos assim - ou não poderia se aplicar a Donald Trump e seu discurso equivocado?
"Don't
Let the Teardrops Rust Your Shining Heart" segue a tradição de baladas
americanas e "Come Hell or High Water" traz um arranjo no estilo
country. “Sugar Finney” é um dos pontos altos, rezando a lenda ter sido escrita
com um olhar em Marilyn Monroe (“...a América é livre, barata e fácil...”) e
todas as tentações que levaram à destruição do mito platinado. Um refrão
matador e um arranjo de sopros à la banda Vitória Régia de Tim Maia e...pronto!
Já cola nos ouvidos. Outra canção de outro mundo é “Cross my heart”, uma ode à
entrega cega a um grande amor – mesmo que este te faça sofrer e te paralise as
vontades. Uma canção super bem construída, sem palavras.
O site
de música Pitchfork.com considerou este álbum o melhor dentre os 4 primeiros da
banda, dando uma nota de 7.2 por ocasião do relançamento de seu catálogo no
mercado. Críticas do público normalmente abraçam este álbum com no mínimo 4
estrelas...
Um
disco que ouço há 30 anos (!) desde que o comprei logo após ter saído no Brasil
e que até hoje considero uma obra-prima – visto que todas as canções são da
dupla. Para quem só conhecia o duo pelo mega-sucesso “Missing” – onde eles
flertaram em cheio com as pistas de dança – fica a dica de um dos mais belos
trabalhos feitos na música pop inglesa no período pós punk. Delicie-se.
Fotos: sites wikipedia.org (capa) e www.thenational.ae
(banda).
Texto:
Alvaro Az.
Não sou isento para falar do EBTG, pois sou o maior fã. Descobri a dupla quando do estouro mundial de "Missing" e desde então me apaixonei, comprei todos os cd's, inclusive os relançamentos deluxe pelo selo Edsel de Londres. Enfim assino embaixo tudo o que você disse, sem contar que os álbuns dos anos 90 também são maravilhosos.
ResponderExcluirObrigado pela visita e parabéns por sua coleção!
ExcluirGrato pela visita, Noite Veloz...volte sempre.
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